Dos oito deputados federais da bancada do Rio Grande do Norte, apenas general Girão (PSL) e Carla Dickson (PROS) votaram a favor da liberdade do deputado Daniel Silveira (PSC), preso por ameaçar a democracia e atacar ministros do Supremo Tribunal Federal.Na ultima sexta-feira (19), a Câmara Federal manteve encarcerado o parlamentar da tropa de choque de Jair Bolsonaro, a exemplo do que já haviam decidido os 11 ministros do STF na quarta-feira (17). Foram 364 votos a favor da prisão, 130 contra e apenas três abstenções. O Conselho de Ética da Casa marcou para a próxima terça-feira (23) a instauração do inquérito que pode cassar o mandato de Silveira.
No vídeo gravado pelo bolsonarista, ele defende a volta do AI-5, ofende a honra de vários ministros da Corte e chega a sugerir “uma surra” no ministro Edson Facchin que, três dias antes, havia criticado a pressão do general Eduardo Villas Boas no episódio ocorrido em 2018 em que o STF confirmou a autorização para a prisão de réus condenados em 2ª instância, mantendo na cadeia o ex-presidente Lula.
Além de Facchin, outro alvo do deputado foi Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura divulgação de fake news contra o Supremo por uma rede que envolve blogueiros, ativistas de extrema-direita e parlamentares.
Dos votos do Rio Grande do Norte, Girão já vinha defendendo abertamente o colega. O próprio deputado pelo RN é investigado em inquérito que apura o financiamento de ações anti-democráticas por parlamentares bolsonaristas na Câmara Federal.
Em entrevista à rádio Joven Pan, Girão chamou de “sexta fúnebre” o dia em que a maioria da Câmara confirmou a prisão do colega.
Já Carla Dickson é membro da bancada evangélica conservadora e suplente do atual ministro das Comunicações Fábio Faria. A deputada tem seguido as votações do titular da vaga, sempre a favor do Governo Bolsonaro. No episódio da votação de Daniel Silveira ainda houve um novo componente: na véspera, o pastor Silas Malafaia, influente entre os conservadores evangélicos, ameaçou denunciar os deputados da bancada religiosa que votassem contra o bolsonarista.
Durante a sessão, Daniel Silveira pode se defender. Ele pediu desculpas, disse que não atacou a democracia e que nunca defendeu o AI-5. Aos colegas, afirmou que exagerou nas palavras porque “estava com raiva”.
Agência Saiba Mais*