O ex-ministro do Turismo, Henrique Alves (PMDB), preso na última terça-feira 6, em ação da Polícia Federal que marcou o desdobramento da Operação Lava Jato e cumprimento da Operação Manus, enfrenta a possibilidade real de ser transferido da Academia de Polícia Militar, no Barro Vermelho, para o CDP da Papuda, em Brasília.
Isto, porque, além de ter sido preso por crime de corrupção e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal; Henrique, no mesmo dia, recebeu outro mandado de prisão acusado de cometer fraudes na Caixa Econômica Federal juntamente ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).
A Polícia Federal, com a Operação Sepsis e Cui Bono, apurava irregularidades nas vice-presidências de Fundos e Loterias e de Pessoas Jurídicas da Caixa Econômica Federal. De acordo com o MPF, os investigados praticaram, de forma continuada, os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e que, mesmo com as investigações em curso, continuam agindo para ocultar mais de R$ 20 milhões que teriam sido recebidos por Eduardo Cunha. Um dos pontos da investigação, baseada em informações das delações premiadas de ex-executivos da construtora Odebrecht, são desvios no fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
De acordo com informações apuradas pelo Agora RN, em virtude deste último mandado de prisão preventiva, expedido pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, Henrique poderá ser transferido para o CDP da Papuda, na capital brasileira. Dentre os presos “ilustres” da Papuda, estão o condenado no escândalo do mensalão Henrique Pizzolato e Lúcio Funaro, envolvido na Operação Lava Jato, além do ex-servidor do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) Adriano Oliveira.
Por enquanto, um dos homens que mais usufruíam da confiança do presidente Michel Temer, espera na Academia de Polícia Militar, visitado eventualmente por sua esposa, Laurita Arruda, filha e irmã, respectivamente, do jornalista Cassiano Arruda e do publicitário Arturo Arruda, investigados por suspeita de lavagem de dinheiro em esquema formulado por Henrique Alves durante sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte em 2014.
No mesmo dia em que foi preso, Henrique acionou seu advogado para impetrar um pedido de habeas corpus para ser solto. O pedido chegou ao desembargador Élio Siqueira, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), em Recife, que, por sua vez, resolveu que precisaria de mais informações – solicitadas ao juiz federal Vallisney Oliveira – para decidir se deferia, ou não, o pedido de Henrique Alves.
O Ministério Público Federal pediu a prisão do ex-ministro temendo que ele esvaziasse contas bancárias supostamente abastecidas com dinheiro de propina, parte dela das obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. O juiz Vallisney considerou consistentes os argumentos dos procuradores do caso. “Em liberdade Henrique Alves pode livremente movimentar as contas, colocar em nome de laranjas, apagar ou tentar apagar o produto do que se diz ser crime, usar os valores para fins diversos, em prejuízo do processo penal a que responde ou outras investigações que eventualmente venham a ocorrer”, avaliou.