Ciro Marques
Repórter de Política
No aspecto financeiro, as saídas de Betinho Rosado (PP), João Maia (PR), Paulo Wagner (PV) e Sandra Rosado (PSB), não foram das melhores para a Câmara Federal, em Brasília. Isso porque o trio aumento em mais de R$ 80 mil os gastos da cota indenizatória no segundo semestre deste ano se comparado com o mesmo período do ano anterior. Detalhe que em 2014, o segundo semestre quase não teve sessões plenárias e trabalho legislativo, devido às eleições e o recesso parlamentar.
A cota indenizatória é um valor disponibilizado pela Câmara Federal para que os deputados não tirem dos seus bolsos os gastos inerentes a atividade parlamentar. Dessa forma, é somada à utilização da cota os gastos com aluguel de veículos, gasolina, passagem de avião, manutenção de escritórios, consultoria, alimentação e, até, divulgação da atividade parlamentar.
Geralmente, essas despesas somam, todo mês, cerca de R$ 30 mil. Por isso, chamou a atenção o mês de dezembro, quando o deputado João Maia gastou quase R$ 124 mil da cota indenizatória, tendo uma despesa com divulgação parlamentar que se aproximou dos R$ 80 mil. E não foi só. Durante todo o segundo semestre, o presidente estadual do PR gastou R$ 240 mil da cota indenizatória, mesmo tendo comparecido a poucas sessões plenárias (foi apenas uma em dezembro). No ano passado, apesar da atividade parlamentar ter sido bem mais “intensa”, João Maia gastou “apenas” R$ 218 mil.
SANDRA ROSADO
Apesar das despesas elevadas, o deputado federal do PR, que tentou ser vice-governador do RN na chapa de Henrique e não conseguiu, não foi o que teve a maior diferença entre despesas de 2013 e 2014. A campeã nisso foi Sandra Rosado, que tentou se reeleger para a Câmara Federal, mas não conseguiu, com uma diferença de quase R$ 50 mil de um ano para o outro.
No segundo semestre de 2013, a deputada federal do PSB gastou R$ 212 mil da cota indenizatória somando todos os meses. Em 2014, a quantia pública utilizada pela parlamentar para trabalhar aumentou para R$ 261 mil. Foram R$ 42 mil em julho, quando começou a campanha eleitoral, R$ 36 mil em agosto; R$ 17 mil em setembro e surpreendentes R$ 87 mil em outubro, mês que ela perdeu a eleição.
Desse montante gasto em outubro, Sandra Rosado gastou R$ 55 mil divulgação da atividade parlamentar, tendo imprimido 100 mil “informativos sobre o trabalho legislativo”, o que até levanta suspeitas sobre a utilização de dinheiro público para custear gastos da campanha. A nota fiscal da despesa assinada no dia 24 de outubro, 20 dias após a derrota eleitoral de Sandra Rosado.
Em novembro e dezembro, já derrotada na disputa eleitoral, Sandra Rosado não reduziu as despesas públicas da Câmara Federal com seu mandato. Gastou mais R$ 57 mil em novembro, com o pagamento de R$ 50 mil a Associação Nacional da Gestão Pública (Angesp), que tem como secretário-geral o ex-prefeito de Bento Fernandes, Robenilson Ferreira – condenado recentemente na Justiça Eleitoral e com processos também no Ministério Público do RN. A Angesp elaborou para Sandra dois trabalhos de consultoria que resultaria em dois artigos de 10 páginas. Cada um, então, custou R$ 25 mil.
PAULO WAGNER
Aposentado por invalidez, o deputado Paulo Wagner também aumentou consideravelmente seus gastos da cota indenizatória no segundo semestre de 2014, principalmente, em outubro e novembro, dois últimos meses antes de conseguir a aposentadoria. No ano passado, gastou R$ 219 mil, contra apenas R$ 205 mil do ano anterior – detalhe que, em dezembro, o parlamentar foi substituído por Rose de Souza, então, praticamente, não gastou nessa data.
Detalhe que, assim como Sandra Rosado, Paulo Wagner também contratou a Angesp para fazer serviços de consultoria. O problema é que, para o parlamentar do PV, foram bem mais gastos com isso. Foram, simplesmente, quatro contratos. Um de R$ 15 mil, um de R$ 20 mil e dois de R$ 25 mil em apenas dois meses, o que resultou em R$ 95 mil pagos pela Câmara Federal por consultoria a um deputado que estava prestes a se aposentar.
BETINHO ROSADO
Betinho Rosado, líder do PP no Rio Grande do Norte, também aumentou suas despesas com a cota indenizatória neste ano, mesmo não tendo sido candidato a reeleição – apoiou a vitória do filho, Beto Segundo, também pepista. Betinho gastou R$ 226 mil no segundo semestre de 2014, contra R$ 212 no mesmo período de 2013.
Henrique Eduardo Alves (PMDB) e Fátima Bezerra (PT) fogem a regra dos que não renovaram seus mandatos, mas também não aumentaram os gastos da cota indenizatória na bancada potiguar na Câmara Federal. Henrique reduziu de R$ 244 mil gastos em 2013 para apenas R$ 114 mil em 2014. Fátima Bezerra chegou aos R$ 107 mil no ano passado e foi de R$ 202 mil no ano anterior.
ROSE
Irmã de Micarla de Sousa, ex-prefeita de Natal, a deputada federal Rose de Freitas assumiu o lugar de Paulo Wagner (aposentado por invalidez) em novembro e, em apenas dois meses, já gastou quase R$ 40 mil em verba indenizatória da Câmara. Em dezembro, foi mais de R$ 26 mil, sendo R$ 15 mil, destinado a divulgação da atividade parlamentar, com a contratação da agência de Notícias Congresso.