Após se tornar prefeito de Natal pelas mãos de Carlos Eduardo, sendo eleito na condição de vice como nome do MDB na chapa carlista, é a segunda vez consecutiva que Álvaro Dias trabalhará para derrotar Carlos Eduardo após ter chegado ao executivo da capital. A primeira vez foi em 2022 apoiando Rogério Marinho para o senado, de quem acusou de lhe enganar em seguida por ter dito que Marinho enquanto ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro empenhou recursos para obras na cidade e esse dinheiro nunca chegou. E agora vai de Paulinho Freire em 2024 contra CE no pleito local que se avizinha.
A versão pública dada por Álvaro Dias é bizarra. Ele alegou que Paulinho Freire terá força para conseguir recursos em Brasília para tocar as obras que a cidade precisa concluir. Ocorre que Paulinho, que passou o ano de 2023 votando com na câmara federal como deputado do PT, agora se posicionou a favor do impeachment do presidente Lula; um modo de jogar confete para o bolsonarismo de quem se tornou aliado recentemente através da aproximação de seu União Brasil com o PL. Na prática, ao fazer tal afirmaçao, Dias abriu mais um flanco para que a história do alegado calote dado por Rogério Marinho nas obras da capital fosse relembrado. Rogério sequer apareceu para o anúncio do apoio do atual prefeito a postulação de Paulinho Freire.
Outra versão circulou entre analistas de política da cidade. A ideia é a de que, se fosse para Carlos Eduardo, Álvaro Dias não teria a digital de demonstração de força própria já que CE lidera com folga todas as pesquisas de intenção de voto. Com Paulinho, ficará mais clara a apresentação de seu capital eleitoral. Ora, é um ponto de vista menos no sense do que o oficial. Só que, ainda assim, Álvaro poderia muito bem construir, de máquina na mão e com a comunicação devidamente controlada na imprensa local, a marca do seu apoio e forçar o reconhecimento de que a vitória de Carlos Eduardo veio também por ele.
Entre os articuladores do grupo de Carlos Eduardo, o alegado é o de que a proposta de Paulinho Freire era impossível de receber cobertura superior. E aí não tem como saber a natureza da proposição - cargos? Apoio em múltiplos caminhos para 2026? Estrutura? Não adianta especular sobre se há base factual e em qual medida.
O dado concreto é que Álvaro Dias buscou o caminho bem mais difícil e, como estamos diante de um agente da política profissional capaz de distribuir remédio de verme na maior crise de saúde pública como moeda eleitoral, é pouco provável que esteja na mesa uma motivação que não implique em mais poder amanhã - em caso de vitória ou de derrota.
FONTE: opotiguar.com.br