Nas visitas que fez ao Rio Grande do Norte, o presidente nacional do PSB e candidato a Presidência da República, Eduardo Campos, sempre foi sincero e afirmou que a aliança do partido com o PMDB de Henrique Eduardo Alves nunca foi consenso. E quem mais criticava essa parceria que se formou no Estado foi, justamente, a candidata a vice-presidente, a ex-senadora Marina Silva, cotada agora para ser a substituta de Campos na “cabeça” da chapa que disputa a Presidência.
Para quem não lembra, quando a aliança estava ainda em formação, a Rede Sustentabilidade, grupo liderado por Marina Silva, lançou nota fazendo duras criticas a possibilidade de acerto entre PSB e PMDB. E criticou, principalmente, a possibilidade de apoio a Henrique Eduardo Alves, um símbolo, para o grupo, da “velha política”.
“Consideramos também que o grupo liderado pelo Henrique Eduardo Alves, que está em seu 11º mandato consecutivo como deputado federal, representa a continuidade dos problemas que assolam o estado do Rio Grande do Norte, secularmente governado por essa oligarquia que, mais uma vez, se lança à retomada do poder, ignorando propositalmente sua responsabilidade na construção do atual cenário de inércia na administração pública potiguar, representado pela precariedade da saúde, da educação, da segurança e das condições de emprego ao trabalhador rural e urbano, além do agravamento da qualidade do meio ambiente nas cidades e no campo”, afirmou a Rede Sustentabilidade, por meio de nota divulgada em abril deste ano.
“Nesse sentido, a Rede Sustentabilidade RN, em conjunto com a Direção Nacional, declara publicamente que não concorda com essa presumida aliança e que irá realizar todos os esforços políticos para que ela não se viabilize. O Rio Grande do Norte necessita de outro caminho que recupere a autoestima do nosso povo e coloque o estado no caminho da Nova Política e de um novo modelo de desenvolvimento”, acrescentou, oficialmente, o grupo de Marina Silva.
A aliança, apesar de todos os esforços da Rede Sustentabilidade, se confirmou. Wilma fechou com Henrique Eduardo Alves e se lançou candidata ao Senado Federal, enquanto o peemedebista disputará o cargo de governador. Marina Silva, que acompanhou Eduardo Campos em diversas viagens pelo Brasil, não visitou o Rio Grande do Norte em nenhum momento, desde então.
É bem verdade, entretanto, que Marina não foi a única crítica da “velha política” no PSB. Na realidade, o próprio Eduardo Campos deu declarações neste sentido, apesar delas serem bem mais “brandas” que da colega de chapa e que não citaram, diretamente, o nome de Henrique Alves.
“Queremos tirar aquelas raposas que estão em Brasília, roubando os sonhos do Brasil e colocar sangue novo, com energia boa, para tocar o Brasil de um novo jeito, invés de dividir o Brasil como fica essa divisão de PSDB, PT, PSDB, PT, há 20 anos. Um dizendo que o outro não fez nada, quando não é verdade. Os dois fizeram. Um fez mais do que o outro por circunstâncias próprias. Precisamos viver um momento para que o Brasil se uma para que, a partir do que eles fizeram, fazer diferente do que eles fizeram”, afirmou Campos em uma das visitas ao RN.
Fora do Estado, as citações de Henrique foram mais fortes e Campos chegou a dizer que Henrique e Renan Calheiros, presidentes da Câmara Federal e do Senado, respectivamente, estariam fora do eventual governo federal dele. “Esse lado do PMDB (de Renan, Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha) estará na oposição no meu governo. Pode estar certo disso”, disse Campos, em entrevista ao programa Opinião, da TViG. “Esse PMDB está no governo de Dilma. Não é possível que, depois de 30 anos de redemocratização, a democracia brasileira fique de joelhos diante de uma velha política que constrange todo dia o cidadão que paga impostos. O PMDB que está conosco é o de Pedro Simon, de Jarbas Vasconcelos”, emendou.
SUBSTITUIÇÃO
Hoje, o PSB está discutindo de maneira mais forte a escolha de Marina Silva para encabeçar a chapa após a morte de Eduardo Campos. Segundo o portal Uol, entretanto, para oficializar essa escolha, o partido (e os aliados) estariam cobrando que a líder da Rede Sustentabilidade deixe de comentar e criticar algumas alianças firmadas pelo PSB em Estados como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Norte.
“A pedido do companheiro de chapa, ela (Marina Silva) havia parado de fazer críticas públicas às alianças. Mas não vinha participando de eventos ao lado de Campos nesses Estados-problema (como o Rio Grande do Norte). O temor dos líderes é de que, com a morte do ex-governador, a ex-ministra do Meio Ambiente volte à carga contra os acordos. Só após obter as garantias da aliada – que se filiou ao PSB em outubro do ano passado após não conseguir registro da Rede Sustentabilidade na Justiça Eleitoral -, é que ela deverá ser confirmada candidata”, afirmou a matéria publicada pelo site.