Quando eu digo e repito que quem lê a velha mídia mal fala, mal ouve, mal se informa e mal se vê não estou exagerando. A Veja, pasmem, já defendeu a vinda ao país de médicos cubanos. Na época do governo FHC, obviamente.
Na edição de 20 de outubro de 1999, a revista publicou reportagem elogiando a iniciativa do ministério da Saúde. Assinada pelo repórter Leonel Rocha, a matéria começava assim:
“Inaugurado no começo de 1995, o único hospital de Arraias, um município muito pobre com apenas 12.000 habitantes fincado no Estado do Tocantins, teve de permanecer fechado por quatro anos. O motivo não poderia ser mais bizarro. Faltavam médicos que quisessem aventurar-se por aquele fim de mundo. O que o hospital oferecia não era desprezível: salário inicial de 2.000 reais e ajuda para moradia. Só há onze meses o hospital foi finalmente reaberto. O milagre veio de Cuba. Enfim, Arraias conseguiu importar cinco médicos da ilha de Fidel e, assim, abrir as portas do hospital.”
A reportagem prossegue com elogios aos profissionais cubanos. O desfecho é hilariante se compararmos com a posição atual da revista. O que diz a Veja? Segue abaixo:
“Os cubanos são bem-vindos, mas existe um problema. A contratação desses médicos é irregular perante as leis do Brasil. Eles precisam da revalidação do diploma numa universidade brasileira para atuar no país. Com base nessa desculpa burocrática, o Conselho Federal de Medicina denunciou as contratações ao Ministério Público pedindo o cancelamento dos convênios. “Não somos xenófobos, mas não há motivo para trazer médicos de fora e tirar o emprego dos profissionais daqui”, diz Edson de Oliveira Andrade, presidente da entidade. O doutor Andrade e seu douto conselho deveriam explicar então por que faltavam médicos brasileiros nas cidades miseráveis que agora estão sendo atendidas pelos cubanos”.
O que o Brasil precisa é de Mais médico e menos hipocrisia. O conselho pode ser estendido para certos colunistas da imprensa.
Por Ailton Medeiros